Por Venício A. de Lima em 4/7/2006
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Uma das maneiras de se identificar os interesses em jogo em determinada decisão é verificar como se manifestam sobre ela os principais atores envolvidos ou seus representantes. No caso da adoção pelo Brasil do modelo japonês para a TV digital, decidida pelo governo na quinta-feira (29/6), não poderia haver clareza maior sobre quem ganhou e quem perdeu ou sobre quais, de fato, foram os interesses atendidos...(olha a teoria dos jogos ai, á qual eu me referi anteriormente H.M)
...No seu discurso durante a solenidade de assinatura do decreto no Palácio do Planalto, o presidente Lula insistiu na relação democrática que seu governo construiu com a sociedade brasileira para concluir o projeto que foi discutido com quem quis discutir. E mais: disse que o processo de decisão havia sido encaminhado de forma participativa com o envolvimento da sociedade, "como é normal neste nosso mandato".
Curiosamente, no entanto, quem assistiu à cerimônia transmitida pela NBR/Radiobrás, deve ter notado que lá estavam representantes das empresas de radiodifusão privadas e públicas, da indústria de eletroeletrônicos, de universidades privadas e públicas, ministros do Brasil e do Japão, senadores, deputados e funcionários do governo de diferentes escalões.
Sem convite
Quem não estava lá? Não estava lá quem representasse diretamente os 180 milhões de telespectadores brasileiros que mal sabem o que é TV digital.
Esses telespectadores certamente não sabem que perdemos a maior oportunidade histórica para quebrar o oligopólio da televisão brasileira e avançar na democratização das comunicações. Também não sabem que os mesmos grupos privados continuarão a decidir a maior parte do que vemos e ouvimos...
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