7.11.07

Jornalismo político hoje - Algumas considerações

Depois de assistir a uma palestra do jornalista Villas-Bôas Corrêa sobre jornalismo político, resolvi colocar aqui alguns dos principais tópicos discutidos e alguns textos para contextualizá-los.

Ideologia partidária

Texto de Tercival Campestre Barbosa

"O príncipio para haver mais de um partido é haver mais de uma proposta de governo. Poderíamos ter um só partido pois a proposta de todos é a mesma: Legislar em causa própria!
Quando falamos em comunismo, socialismo, capitalismo, feudalismo, monarquia, temos propostas diferentes de governo. O que determina a fidelidade partidária não é uma obrigatoriedade imposta por lei. É a convicção do individuo em uma ideologia política.
Os partidos não tem ideologia, proposta de governo muito menos, são oligarquias!
Fidelidade a que se são todos a mesmissima coisa!
Exemplifico com o futebol. Antigamente, muito antigamente, um jogador nascia e morria pela sua camisa. Hoje de acordo com a melhor proposta seu passe é vendido e comprado e ele não tem mais time... É tudo futebol ... E ele joga onde pagar mais."


Publicado no Jornal de debates em 02/04/07 - Versão completa aqui

A supressão do jornalismo político

Esta igualdade existente entre as bases dos diversos partidos vem sendo um dos fatores que priva o jornalismo político de mostrar algo mais a sociedade, não há jogo político no governo, não há discussão, não há propostas e propósitos diferentes, com isso o jornalismo político é limitado a informar somente sobre questões do tipo fraudes no congresso e novos programas do governo.

O que vemos hoje no congress é uma luta entre oposição e governo para ver quem derruba quem primeiro utilizando-se de artifícios pelos quais os envolvidos já foram contra ou a favor no passado, como a CPMF, por exemplo. Ao invés de jogo político, há um jogo de interesses, nada mais norteia os partidos e muito menos seus afiliado, que lá estão apenas para alcançar seus objetivos próprios.

A censura política nos jornais regionais

Antes uma informação retirada da wikipédia sobre o jornal O Estado de São Paulo e a Ditadura Militar.

"Em 13 de dezembro de 1968, a edição do Estado é apreendida em razão da recusa de Mesquita Filho de excluir da seção "Notas e Informações" o editorial Instituições em Frangalhos, no qual denunciava o fim de qualquer aparência de normalidade democrática. A partir de então, o jornal passa a contar com censores da Polícia Federal em sua redação, ao contrário dos outros grandes jornais brasileiros que aceitaram se censurar.
Com a morte de Mesquita Filho, o Estado passa a ser dirigido em 1969 por Julio de Mesquita Neto. Nesse período o jornal ganha visibilidade mundial ao denunciar a censura prévia com a publicação de trechos de Os Lusíadas, de Luís de Camões no lugar de matérias proibidas pelos censores. Em 1974, recebe o Prêmio Pena de Ouro da Liberdade, conferido pela Federação Internacional de Editores de Jornais."

Versão completa aqui

Sobre o jornalismo político feito pelos jornais regionais acredito que nem é preciso comentar muito, basta dizer que não veiculam informações que denigrem ou apontem algum erro ou falha dos atuais governantes de seus estados. Várias são as hipóteses sobre o que acontece com o jornal ou jornalísta que tenha a coragem de fazer isso, uma delas é que ele é mandado para outra sucursal bem longe de onde ele está - tipo, transferir-se do Rio Grande do Sul para o Ceára, ou também pode acontecer do dono do jornal ser demitido como aconteceu com Mesquita Filho.

Falo disto para mostrar as limitações que o jornalismo político sofre em seu meio, com isso, este tipo de jornalismo acaba deixando de promover discussões que fomentem um dialogo mais democrático entre a sociedade e o governo. O caráter do jornalismo político passou a ser meramente informacional ou parcial. Esta apatia mostra o quanto o jornalimos político esta caindo em sua crítica.

Bem que os jornais de hoje poderiam colocar um poema sempre que houvesse algo de errado acontecendo com a atual administração pública do estado heim?.

Jornalismo político e a busca pela objetividade

"Hoje falta aquela conversa no pé do ouvido"

Foi assim que Villas-Bôas resumiu o que é o jornalismo político hoje. Não há uma maior aproximação dos jornalistas para com os políticos, não se fala aqui de lobby e sim de uma busca mais aprofundada sobre cada nuance que envolva o tema e seus personagens.

Muito disso se deve as características marcantes da imprensa em geral, a correria pelo fechamento implica em textos suscintos e averiguações cada vez mais supérfluas
das informações junto as fontes. Villas-Bôas defende que para se fazer um jornalismo político de qualidade é necessário tempo e um maior espaço para as análises destes jornalistas, fazendo com isso, com que o jornalismo político não se limite somente a objetividade da informação, mas também à dissecação desta, que muitas vezes pode ser feita pelo próprio jornalista que cobriu a matéria, mas que não o é devido as limitações editoriais.

O sentido desta objetividade e subjetividade confesso que não entendi muito bem, afinal, há jornalistas políticos conceituados no Brasil, e estes tem seus espaços onde podem expor com mais liberdade a visão que têem do cenário político atual. Enfim foi isso o que consegui pegar da palestra, não é tudo, porém dá para debater em cima.

Mas afinal, o jornalismo político esta em vias certas ou encontra-se mesmo em declínio? - Acrescenta-se a isso, a política atual, pois, será que esta política na qual não existe o jogo político, também não é uma das causas para o declínio e limitação da cobertura jornalistica apontada por Villas-Bôas?

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